Alta nos preços dos modelos novos, crédito apertado e maior oferta digital impulsionam o setor de usados
Comprar um carro novo deixou de ser prioridade para muita gente. Em meio à instabilidade econômica e à elevação nos preços de veículos zero, cresce o número de brasileiros que recorrem aos carros usados e seminovos como solução mais acessível e prática.
O movimento não se limita às classes de menor renda. Mesmo consumidores com maior poder aquisitivo estão voltando os olhos para o mercado de veículos com quilometragem rodada, atraídos por condições mais vantajosas, variedade de modelos e entregas imediatas.
Veículo seminovo vira alternativa viável
Nos últimos anos, o valor de um carro novo subiu muito acima da inflação, tornando a compra à vista mais difícil e o financiamento mais pesado. A disparada da taxa de juros também encareceu as parcelas. Com isso, o consumidor passou a buscar opções que caibam melhor no orçamento.
Carros usados e seminovos, especialmente os com até três anos de uso, ganham destaque pela boa conservação e pela chance de adquirir versões mais completas por preços parecidos aos de modelos zero mais básicos.
Oferta digital facilita o processo
Sites e aplicativos especializados tornaram a busca por carros usados e seminovos mais simples e transparente. Hoje é possível comparar dezenas de modelos, anos, versões e valores em minutos, sem sair de casa. Essa comodidade mudou o comportamento de quem está em busca do próximo veículo.
A possibilidade de consultar preços com base em referências confiáveis também dá mais segurança à negociação. Um exemplo comum é o uso da tabela Fipe do Onix como base para avaliar se a oferta está dentro do esperado para aquele modelo e ano.
Perfil do comprador está mudando
A ideia de que comprar um carro usado representa um risco não condiz mais com a realidade. Com mais acesso à informação, o consumidor analisa melhor os dados do veículo, exige laudos de vistoria e prefere carros com manutenção em dia e histórico limpo.
Há também uma mudança de expectativa: muitos compradores aceitam pequenas imperfeições estéticas ou quilometragem mais elevada, desde que o carro esteja em bom estado geral e ofereça um custo mais justo na troca.
Modelos mais buscados são os que têm liquidez
Mesmo com maior abertura para diferentes marcas, os campeões de busca seguem sendo modelos com boa aceitação no mercado, facilidade de manutenção e liquidez na revenda. Onix, HB20, Corolla, Gol, Argo, Sandero e Strada seguem no topo da preferência em diversas plataformas.
SUVs compactos também vêm ganhando espaço entre os usados, já que os preços dos novos afastaram parte do público interessado. Modelos como EcoSport, Duster e Renegade aparecem com frequência nas buscas.
Rede de revendas se adapta ao cenário
As concessionárias e lojas especializadas têm ampliado o foco nos seminovos para atender à nova demanda. Muitas passaram a oferecer processos de inspeção mais rigorosos, garantia estendida e condições facilitadas de financiamento para esse tipo de veículo.
Esse cuidado extra vem para responder ao aumento da concorrência de plataformas digitais e do mercado informal. O consumidor hoje está mais exigente e valoriza empresas que entregam mais do que apenas o carro: ele quer confiança e facilidade no pós-venda.
Financiamento continua sendo ferramenta importante
Apesar das taxas mais altas, o financiamento ainda é o caminho escolhido por muitos. A vantagem dos seminovos está no valor total menor, o que resulta em parcelas mais ajustadas à realidade de quem compra.
Em alguns casos, a diferença entre o valor de entrada exigido para um carro novo e o de um usado chega a representar vários meses de financiamento quitado. Isso faz com que muitos optem pela versão mais equipada de um carro usado, em vez de um zero mais simples.
Compra consciente é tendência
A pressa na hora de fechar negócio vem dando lugar a uma abordagem mais cuidadosa. O comprador avalia o estado mecânico, verifica documentos, simula custos de manutenção e analisa a desvalorização. Esse comportamento reduz riscos e eleva o padrão médio do mercado de usados.
O resultado disso é um setor mais qualificado, com ofertas mais transparentes e menos espaço para enganações. Quem entra nesse mercado hoje tem mais ferramentas para fazer uma boa escolha — e isso ajuda a manter o crescimento do segmento.
Expectativas para o restante do ano
Com a produção de carros novos ainda pressionada por custos e limitações logísticas, a tendência é que o mercado de usados siga aquecido. Os preços devem continuar competitivos, e a entrada de novos players digitais pode ampliar ainda mais a oferta.
A valorização de modelos mais antigos em bom estado, somada à busca crescente por economia e praticidade, indica que os carros usados e seminovos devem permanecer como protagonistas no setor automotivo brasileiro.
O modelo certo para quem sabe o que procura
Optar por um carro com alguns quilômetros rodados não é mais sinônimo de abrir mão da qualidade. Pelo contrário: é cada vez mais uma decisão racional, baseada em comparação de preços, histórico de uso e custo total ao longo do tempo.
Com mais informação na palma da mão e uma grande oferta de veículos disponíveis, o consumidor está no controle. E quem acompanha essa movimentação encontra boas oportunidades, seja para comprar, vender ou trocar. O mercado de usados mostra força e não dá sinais de desaceleração.
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