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Uma falsa acusação que levou a uma morte: O triste caso de linchamento de Fabiane Maria

Fake news leva a morte

"Mataram a mulher", diz morador após espancamento no Guarujá. "Querido Deus no céu", gritou uma das pessoas que viram o corpo caído no chão. "Acabou", disse outro.

Este é um dos diálogos que aparecem em vídeos cedidos à Folha pela advogada representante da família da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33, que morreu segunda-feira (5) após ser espancada por um grupo de Guarujá, no litoral de São Paulo, dois dias antes.

De acordo com a defesa, o linchamento - relatado no bairro de Morrinhos, na periferia do Guarujá - foi motivado pela suspeita de que Fabiane estivesse ligada a sequestros de crianças na região tidos como ligados a rituais de magia negra. De acordo com a Polícia Militar, porém, não há indícios de que ela tenha cometido tal crime.

Em um dos dois vídeos, o corpo identificado pela família como sendo Fabiane está deitado no chão quando uma pessoa puxa sua cabeça pelos cabelos. O rosto da garota bate no chão.

Impulsionando a fúria coletiva, havia um boato sobre a existência de uma mulher que estaria sequestrando crianças na região para usá-las em rituais de feitiçaria. Alertas sobre a mulher foram divulgados na página do Facebook do Guarujá Alerta (Alerta Guarujá) - perfil que divulga serviços e notícias relacionadas ao setor policial. Poucos dias antes do ataque, a página, que tem mais de 24.000 seguidores, apresentava um esboço policial do suposto sequestrador.

No entanto, a mesma página do Facebook também relatou que a polícia local não tinha registros de crianças desaparecidas ou sequestradas. Mas já era tarde demais. A história da criança sequestradora já circulava online e havia levado a uma caçada pela cidade. O esquete policial divulgado pelo perfil do Facebook foi feito pela polícia do Rio de Janeiro ainda em 2012, durante a investigação de um caso sobre uma mulher que tentou roubar um bebê de sua mãe. 

Um mês antes do assassinato de Fabiane, o mesmo esboço apareceu em Recife, Pernambuco, relacionado ao suspeito de outro caso de sequestro de criança. Assim como o restante da família, Fabiane nasceu e morou em Morrinhos o resto da vida. Qualquer pessoa que olhe para os fatos pode ver que ela foi vista por engano. Mas isso não foi suficiente para impedir sua morte, mais uma de uma série de linchamentos que acontecem no país desde o início do ano, conforme relatado pelo Global Voices.

No início da tarde, o marido de Fabiane, Jaílson Alves das Neves, 40, e um cunhado e primo da vítima prestaram depoimento em uma delegacia de Guarujá.

Os nomes de dois suspeitos foram entregues ao oficial responsável pelo caso, Luiz Ricardo Lara Dias Jr., para que fossem confrontados com imagens do crime. Segundo ele, a polícia está tomando providências em Morrinhos para encontrar testemunhas do linchamento e identificar os possíveis autores.

Fabiane deu entrada na UTI do Hospital Santo Amaro no último sábado (3) em estado gravíssimo. Segundo informações do hospital, ela sucumbiu aos ferimentos e morreu por volta das 6h30 desta segunda-feira (5).

Segundo Sinto, Fabiane foi amarrada e arrastada até chegar a uma vala perto de um barraco em Morrinhos 4. Lá, ela foi espancada.

Outros moradores de Morrinhos, um bairro com cerca de 20 mil habitantes, chamaram a polícia. A mulher foi resgatada e levada ao Hospital Santo Amaro. Nenhum suspeito ainda foi identificado.

Em nota, o "Guarujá Alerta" disse que sempre se referiu aos sequestros de crianças em Morrinhos como “boatos” e que é vítima de uma campanha de difamação. De acordo com os administradores do perfil do Facebook, o esboço composto foi lançado com um aviso: "Seja ou não um boato, vamos ficar alertas." Eles disseram que também repreendem qualquer forma de "fazer justiça com as próprias mãos".

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